quarta-feira, maio 28, 2008
terça-feira, maio 13, 2008
Opinião Ricardo Araújo Pereira sobre o(a) IKEA
não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada. O que poupei nos móveis, gastei no ortopedista. Neste momento, tenho doze estantes e três hérnias.
É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.
Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes. A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda, e a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira. Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens e ficou com um móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem.
Idiossincrasias do comércio moderno.
Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este:
para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro.
E os suecos que montem tudo, se quiserem receber.
terça-feira, maio 06, 2008
The Offspring - The Worst Hangover Ever
"The Offspring - The Worst Hangover Ever"
Ballroom scene, but the fire underneath,
Gonna eat you all alive,
Gonna bring you to your knees.
Went out drinking late last night, I had a blast,
But now the morning light has come and kicked my ass!
(WOAH OHHH OHHH)
I've got the worst hangover ever!
I'm crawling to the bathroom again
It hurts so bad that I'm never gonna drink again
And by my seventh shot I was invincible
I would've never thought I'd be this miserable
(WOAH OHHH OHHH)
I've got the worst hangover ever!
I'm rollin' back and forth on the bed
I'm worked so bad that I'm never gonna drink again
Won't someone just kill me
Put me out of my misery!
I'm makin' deals with God
I'll do anything!
Make it stop please
Make it stop please!
Make it stop please
Make it stop please!
(WOAH OHHH OHHH)
I've got the worst hangover ever!
I'm crawlin' to the bathroom again,
It hurts so bad that I'm never gonna drink again.
I'll probably never drink again.
I may not ever drink again.
At least not 'til next weekend
I'm never gonna drink again!
segunda-feira, maio 05, 2008
Gavin Rossdale - Wanderlust
O single de apresentação é "Love Remains The Same". Entretanto, já está on-line e aqui( =P ) um vídeo de apresentação do álbum Wanderlust.
A produção do primeiro álbum do antigo vocalista dos Bush e dos Institute(2005) ficou a cargo de Bob Rock(Metallica e Aerosmith).
"WanderLust Album Preview Trailer"
"Gavin Rossdale - Love Remains The Same"
"Gavin Rossdale - Love Remains The Same"
A thousand times i've seen you standing
Gravity like a lunar landing
Make me want to run till i find you
Shut the world away from here, drift to you, you're all i hear
Everything we know fades to black
Half the time the world is ending, truth is i am done pretending
I never thought that i had any more to give
Pushing me so far here i am without you
Drink to all that we have lost, mistakes that we have made
Everything will change, love remains the samefind a place where we escape
Take you with me for a space
A city bus that sounds just like a fridge
Walk the streets through seven bars
I had to find just out where you are
The faces seen to blur they're all the same
Half the time the world is ending, truth is i am done pretending
I never thought that i had any more to give
You're pushing me so far here i am without you
Drink to all that we have lost, mistakes that we have made
Everything will change, love remains the same
So much more to say, so much to be done
Don't you trick me out, we shall overcome
Cause our love stays ablaze
We should have had the sun
Could have been inside
Instead we're over here
Half the time the world is ending, truth is i am done pretending
Too much time to love defending, you and i are done pretending
I never thought that i had any more to give
You're pushing me so far here i am without you
Drink to all that we have lost, mistakes that we have made
Everything will change, everything will change
Oh, i.........
This could last forever
Oh, i........
We could last forever
Love remains the same
Love remains the same
MySpace: Gavin Rossdale
sexta-feira, maio 02, 2008
Oldboy - O velho amigo
«Oldboy» é um filme com um certo número de surpresas narrativas, sendo recomendável evitar a leitura de textos pormenorizados antes do primeiro visionamento. Como é natural e habitual, procura-se, neste texto, evitar a descrição de especificidades do guião que devam ser descobertas no momento adequado pelo espectador.
O último filme de Park Chan-uk, e o segundo de uma Trilogia da Vingança iniciada com o magistral «Bokseuneun Naeui Geot» [«Sympathy for Mr. Vengeance»] (2002), chegou a Cannes sem que se registassem grandes expectativas nos relatórios de imprensa que antecipavam o festival. Nem os Cahiers do Cinema pareciam ter ouvido falar do realizador ou dos seus títulos anteriores, como o referido anteriormente ou «Joint Security Area», já projectado em Portugal, na Cinemateca Portuguesa. É natural que se esperasse mais de nomes mais conhecidos nos meandros da "arte e ensaio", como Wong Kar-wai ou Pedro Almodóvar, mas listar especificamente as "promessas asiáticas" que faziam parte da competição, referindo quase todos os títulos presentes menos «Oldboy», é sintomático da fraca expressividade do cinema sul-coreano no Ocidente ou a sua importância mitigada — até agora, diríamos — no contexto temático de um dos festivais de cinema "mais importantes da Europa", como diria, com muita contenção e receio de exagerar, um pivot de uma estação televisiva nacional.
Oh Dae-su é fechado, durante 15 anos, numa cela privada. |
O momento sushi. |
Este não é um tipo de filme que gere consensos, devido à crueza e ao desejo por parte do realizador de não aligeirar as violentas consequências das acções nascidas de um desejo cego de vingança. Algumas pessoas ficaram impressionadas (ou até chocadas) com a violência representada e a multiplicação de comentários ilustrando esse sentimento pode contribuir para preparar os espectadores para desmembramentos constantes e sangue a salpicar nas paredes de cinco em cinco minutos. Mas «Oldboy» é menos violento do que o filme anterior de Park Chan-uk, onde existem cenas prolongadas de tortura, mutilações gráficas e sangue a jorrar a boa distância. Aqui, bom, a tortura é mais breve, a mutilação menos gráfica e o sangue não esguicha a mais de meio metro.
Alguma violência em «Oldboy» é mais sugerida que representada. Se atentarmos num exemplo em que Roger Ebert pega, uma cena que envolve a extracção não voluntária de parte da dentição em bom estado de uma personagem, vemos apenas o início do acto e a sua consequência (poder-se-ia comparar com a célebre cena da orelha em «Reservoir Dogs» que muitas pessoas jurariam ser detalhadamente gráfica, apesar de, na realidade, a câmara se afastar). O facto de muitos se afirmarem incomodados com o "excesso" de violência em «Oldboy» servirá sobretudo para aferir do impacto emocional do filme, ainda que o registo de Park seja, formalmente, frio e distanciado. Ebert, uma referência da crítica norte-americana, também é conhecido pelos seus momentos de particular sensibilidade. O exemplo máximo é o episódio em que trucidou «Veludo Azul», de David Lynch, devido ao "abuso" contra Isabella Rosselini, "obrigada" a rodar nua uma cena emotiva.
Choi Min-sik (Dae-su). |
Kang Hye-jeong (Mi-do). |
Estamos perante uma obra de género, um thriller negro, mas também um ensaio sobre a vingança, seus limites e consequências. Seria pouco interessante desenvolver um filme de duas horas apenas para dizer que a vingança não leva a lado nenhum, que violência gera violência, etc. Park Chan-uk usa a temática como enquadramento narrativo, criando um filme para o grande público (na Ásia, pelo menos), com um argumento bem escrito, que se desenvolve e revela nas doses certas. O elenco é virtualmente o ideal. Choi Min-sik e Kang Hye-jeong estão muito bem, tal como a generalidade dos secundários. Yu Ji-tae, por outro lado, já não me pareceu tão insubstituível.
Choi Min-sik, que já foi visto num filme estreado em Portugal, «Embriagado de Mulheres e Pintura/Chwihwaseon» (2002), encarna na perfeição uma personagem que não tem nada a perder e que consegue transmitir uma impressionante força e destreza física, fazendo-nos aceitar os excessos de alguns confrontos. Choi é um actor com uma amplitude notável, como se poderá constatar, por exemplo, confrontando o Dae-su de «Oldboy», com o gangster falhado de «Failan» (2001). Kang Hye-jeong apareceu anteriormente na produção de baixo orçamento, rodada em DV, «Nabi» [«Butterfly»], uma pequena curiosidade de ficção científica melancólica e filosófica, projectada no Fantasporto de 2002 [vd. texto], e tem aqui um trampolim para uma carreira prometedora.
Dae-su não sai de casa sem o martelo de estimação. |
Não há moral nos filmes de Park — os julgamentos ficam a cargo do espectador. «JSA», outro filme onde se parte numa investigação ao passado e onde o flashback tem uma relevância narrativa superior, já reflectia esta imparcialidade do cineasta. É com «Sympathy for Mr. Vengeance» que «Oldboy» tem maiores semelhanças formais e narrativas. Park constrói um mundo negro, imerso nas trevas, que se vai revelando, à medida que os “heróis” vão ser obrigados a enfrentar esse meio. Em ambos os filmes existem criminosos organizados que fornecem serviços socialmente repulsivos a quem estiver disposto a pagar por eles: órgãos humanos no primeiro filme, encarceração privada no segundo. A moral não precisa de ser pregada: os resultados dos actos falam por si e em momento algum se glorifica a violência que pontua o caminho das personagens — Choi em «Oldboy», Song Kang-ho em «Sympathy...».
"Ri-te, e o mundo ri-se contigo. Chora, e chorarás sozinho."